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Bom de estratégia e ruim de execução. Onde está o problema então?

  • Foto do escritor: Luiz Claudio Dias de Melo
    Luiz Claudio Dias de Melo
  • 28 de mar. de 2019
  • 3 min de leitura

Lembro de um artigo que me chamou muito a atenção escrito por Stephan Kanitz em 1998, para a revista veja, intitulado “Iniciativa e o poder da acabativa’ e que dizia que para o Brasil começar a dar certo seria preciso procurar valorizar mais os brasileiros com a capacidade de implantar ideias.

Era uma reflexão sobre as pessoas com capacidade de gerar ideias (iniciativa), mas que quando o assunto era implantá-las (acabativa) suas limitações vinha à tona.

Relendo o texto nos dias de hoje e levando-o a uma reflexão com o que tenho presenciado ao longo de minha carreira no mundo executivo, constato que o artigo continua atual como nunca esteve.

Porém tomaria a liberdade de fazer algumas inserções que ajudariam-no a deixa-lo talvez um pouco mais realista.

É fato que sobram “pensadores” nas empresas e que estes ficam pouco a vontade é necessário colocar a mão na massa, pois o trabalho do fazer, relegado ao segundo escalão das empresas, é considerado um trabalho menos nobre do que o trabalho do pensar.

Via de regra, sabe-se muito sobre a criação da estratégia, mas muito pouco sobre o seu real funcionamento.

Em uma das empresas que atuei, quando desembarquei por lá, constatei que haviam sido gastos algumas centenas de milhares de reais com consultorias preocupadas em focar na revisão da estratégia, posicionamento, missão, visão, valores, em realizar convenções com apelos motivacionais, mas que praticamente nada havia deixado de legado de como implantar a estratégia que eles mesmos haviam redesenhado.

Na verdade isto não se trata de uma crítica às consultorias, mas apenas uma constatação de como parece ser difícil escrever as paginas do livro dedicadas a ação do como se deve executar aquilo que se fala ou se escreve.

Observei por lá que havia muito pensamento abstrato e praticamente nada dedicado à parte que une a implantação ao processo continuo de monitoramento da implantação da estratégia.

Se execução é essencial para o sucesso, por que as organizações não dedicam tempo suficiente quando se trata em desenvolver uma abordagem pragmática que as conduzam na direção de resultados estratégicos importantes?

Observa-se que quando o resultado final é aquém do esperado a cultura vigente costuma atribuir a culpa à execução, mas o contrário normalmente não ocorre quando o resultado é satisfatório e os louros tem destino certo: Para os estrategistas.

Outro fator não menos importante é a fase de planejamento, pois um planejamento frágil gera um processo de implantação frágil. Alguns gestores de empresa podem defender que uma boa “acabativa” pode suprir um planejamento e uma estratégia frágeis, mas minha experiência tem provado o contrário.

A execução de uma estratégia e de um planejamento insuficientes são a garantia de que o resultado final será desastroso.

Parte desta história, com o final já conhecido no inicio, pode ser atribuída ao vicio intrínseco de se pensar estratégia, planejamento e execução como partes e não como a própria essência do trabalho.

Nesta mesma empresa que citei acima havia uma forte cultura da departamentalização, ou seja, cada um em sua caixinha num processo que combinava má comunicação com mau gerenciamento da implantação.

A má comunicação começava com a cúpula da empresa que se incumbia em formular a estratégia e repassa-la adiante em um processo contínuo de repasses para os departamentos envolvidos na implantação.

E como executar não é algo que os pensadores das empresas estejam acostumados a fazer...

Execução é algo que se aprende na “escola da vida real” e os caminhos que levam a resultados bem-sucedidos vêm acompanhados de erros e frustrações como disse Lawrence Hrebiniak no livro Execução – Fazendo a Estratégia Funcionar.

O saber fazer é algo tão importante quanto o saber pensar e se faz necessário, para o bem dos negócios, que haja uma maior integração dos “fazejadores” e dos planejadores com aqueles responsáveis pela formulação da estratégia, pois um projeto que não é aplicável na pratica se assemelha muito àquele ditado chinês que diz que “Quem sabe e não faz, no fundo, não sabe”.

Muito apropriado para os dias de hoje.

 
 
 
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